Intervenção Martim Moniz. Presidente da junta fala em "ação absolutamente inaceitável numa democracia"
O presidente da junta de Santa Maria Maior, que integra a zona da Martim Moniz em Lisboa, dirigiu-se aos cidadãos para "tranquilizar" uma comunidade que foi vítima "de uma ação absolutamente inaceitável, num Estado de direito e democrático".
O autarca expressou ainda a preocupação quanto a este tipo de intervenções mediático-espetaculares da polícia que em nada contribuem para resolver o problema que eu tenho vindo aqui a chamar a atenção", continuou, referindo-se à "insegurança neste território".
Insegurança que, segundo Miguel Coelho, "é criada pelo tráfico de droga, por algum consumo a céu aberto de droga e abandono de seringas, por uma vida noturna intensa (...) e que naturalmente perturba" a população desta zona de Lisboa.
Para o autarca deve haver operações da polícia nas ruas, mas não "fechar uma rua de uma comunidade" de "pessoas resilientes, humildes" e que "querem procurar sobreviver" e "não constituem o principal problema".
Não havendo denúncias, Miguel Coelho não considera "aceitável que num mês haja dois tipos de operações deste género" na mesma zona da cidade.
"Considero que houve uma atitude percecionada como racista. Isto é, não se pode ir a uma rua que toda a gente sabe que maioritariamente é frequentada por pessoas de cor de pele mais escura e encostá-los todos à parede", afirmou ainda.
E continuou: "o senhor primeiro-ministro ao assumir esta iniciativa tem responsabilidades nesta matéria e está a dar um sinal errado, que é fomentar o ódio".
"Isto não é aceitável sob qualquer ponto de vista humanitário, dos direitos humanos, do estado de direito e da democracia", repetiu.
Ainda de acordo com o autarca, o presidente da República devia ir àquela zona da capital "pedir desculpa a esta comunidade".